Ler Luuanda de ouvidos bem abertos
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Resumo
Em A afinação do mundo, R. Murray Schafer (2001: 25) salienta a importância da literatura na recuperação de paisagens sonoras de outras eras. Esta é uma componente não negligenciada por José Luandino Vieira em Luuanda (1964), onde as notações sonoras são um elemento significativo na configuração da personalidade do musseque. Neste estudo, pretendemos acompanhar o narrador das três estórias desta obra num passeio auditivo pelos musseques que circundavam a capital na época colonial, de forma a traçar o mapa sonoro destes espaços, explorando uma dimensão que, apesar de pouco estudada, se articula com as vivências representadas e possui valor identitário. Atentar-se-á ainda no papel dos apontamentos sonoros na narrativa.
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