Coping flexível com o tecnostress em docentes do ensino superior: Adaptação e validação de uma escala

Os avanços digitais na educação introduziram a tecnologia como uma nova fonte de stress ocupacional. Modelos teóricos e investigações sublinham o papel fundamental dos comportamentos de coping na regulação da resposta psicológica das pessoas ao tecnostress e na gestão do bem-estar pessoal. Contudo, existe uma escassez de instrumentos que avaliem o coping com o tecnostress. Partindo do pressuposto de que nenhuma estratégia de coping é universalmente ótima - exigindo flexibilidade na sua aplicação - este estudo tem como objetivo adaptar uma medida de coping flexível com o stress (Flexible Coping with Technostress Scale, FCTS-PT) a contextos de trabalho tecnológicos, validar a sua versão portuguesa e avaliar as respetivas propriedades psicométricas. A amostra foi composta por 1107 docentes do ensino superior (DES) português. Foram utilizadas duas subamostras distintas e uma subamostra de seguimento para a análise fatorial exploratória, a análise fatorial confirmatória e os testes de fiabilidade. Os resultados exploratórios indicaram uma estrutura unifatorial semelhante à escala original. A consistência interna e a fiabilidade teste-reteste revelaram-se elevadas. A estrutura fatorial foi confirmada com um bom ajuste do modelo e evidências de validade fatorial, convergente e discriminante, bem como de fiabilidade composta. Este estudo destaca o contributo da FCTS-PT como uma ferramenta fiável e válida para avaliar o coping flexível com o tecnostress em DES. Oferece uma medida parcimoniosa que pode apoiar o desenvolvimento, o bem-estar e a produtividade deste professorado, disponibilizando dados robustos para fundamentar decisões, intervenções e políticas institucionais.