O preconceito sexual pode ser caracterizado como uma postura negativa em relação a indivíduos com base na sua identificação com grupos não heterossexuais, como pessoas lésbicas, gays ou bissexuais e suas comunidades (; ). É um conceito amplo que inclui homofobia, homonegativismo, heterossexismo e, mais recentemente, transfobia e bifobia ().
Os níveis de discriminação contra pessoas LGBTQIA+ variam globalmente, apesar de avanços legais em alguns países. Em Portugal, importantes avanços legislativos têm garantido direitos civis às minorias sexuais, incluindo a inclusão da orientação sexual na Constituição e o acesso ao casamento civil entre pessoas do mesmo sexo (). No Brasil, também houve progressos, como o reconhecimento da união estável entre pessoas do mesmo sexo, equiparação das penas por ofensas a homossexuais e transexuais às de racismo, mas a violência contra pessoas LGBTQIA+ permanece um problema grave ().
No contexto esportivo, a discriminação contra gays e lésbicas se intensifica, pois o esporte tem sido historicamente um domínio patriarcal e de masculinidade tradicional (). Mesmo com mudanças sociais contemporâneas, o esporte continua sendo um dos setores mais resistentes à inclusão de minorias sexuais, mantendo uma forte inclinação para a masculinidade convencional ().
A literatura aponta para desafios significativos relacionados à diversidade sexual no esporte. Esses desafios podem se manifestar de diversas formas, incluindo comentários inadequados (), práticas discriminatórias (), disparidades de oportunidades, dificuldades de integração social e impactos na saúde mental (). Como consequência, alguns atletas gays e lésbicas podem optar por não revelar sua orientação sexual durante suas carreiras ().
Contudo, estudos recentes apontam para uma mudança gradual nas atitudes em relação à diversidade sexual no esporte. observou uma diminuição significativa na homofobia entre atletas universitários nos Estados Unidos, enquanto documentaram atitudes mais positivas entre jogadores de futebol no Reino Unido. Expandindo essas observações, refinaram a teoria da masculinidade inclusiva, propondo que em muitas sociedades ocidentais há uma diminuição da homofobia institucionalizada, permitindo expressões mais amplas de masculinidade e maior aceitação de atletas LGBTQ+. Embora essas mudanças variem entre culturas e contextos, essas pesquisas indicam uma tendência positiva em direção a ambientes esportivos mais inclusivos em alguns contextos, apesar dos desafios persistentes.
Muitos estudos que investigam o preconceito sexual em esferas esportivas utilizam escalas como a Attitudes Toward Lesbians and Gay Men () e a Escala Multidimensional de Atitudes Face a Lésbicas e a Gays (EMAFLG), validada em Portugal e no Brasil (; ). Contudo, essas escalas não são específicas para o contexto esportivo, que possui estereótipos e preconceitos particulares. A literatura sobre preconceito sexual distingue formas tradicionais (ataques físicos e verbais) e sutis (silêncio, negação, promoção da heterossexualidade) de preconceito, aplicáveis ao contexto esportivo (; ). Apesar da existência de estudos quantitativos sobre o tema em outros países (; ; ; ), esta temática permanece inexplorada nos contextos português e brasileiro, evidenciando uma lacuna significativa na pesquisa.
A Sexual Prejudice in Sport Scale (SPSS) foi desenvolvida por como uma ferramenta específica para avaliar o preconceito sexual contra atletas e treinadores gays e lésbicas no âmbito esportivo. Os autores realizaram dois estudos na Itália, estabelecendo a estrutura de fatores da SPSS e testando sua confiabilidade e validade. A análise fatorial exploratória resultou em três fatores (Rejeição Aberta, Negação de Visibilidade e Desempenho de Gênero), explicando 62,73% da variância total. A confiabilidade interna foi alta, com coeficientes alfa de Cronbach variando de .71 a 0.93 para as subescalas e pontuação total.
aplicaram a SPSS em um estudo com 113 jovens atletas gays e lésbicas italianos, encontrando que maiores níveis de preconceito sexual no esporte estavam associados a maior dificuldade no processo de coming out. A confiabilidade da SPSS neste estudo foi confirmada, com alfas de Cronbach variando de .78 a .91 para as subescalas. Estes estudos, embora ainda limitados em número e concentrados principalmente no contexto italiano, fornecem evidências iniciais da validade e confiabilidade da SPSS, bem como de sua utilidade para examinar as complexas dinâmicas do preconceito sexual contra gays e lésbicas no esporte.
Devido à necessidade de aceder às manifestações de preconceito sexual mais sutis expressas na atualidade, por meio de novas abordagens psicométricas capazes de captar a sua complexidade, e tendo em conta a inexistência de um instrumento em língua portuguesa que avalie o preconceito sexual contra gays e lésbicas no desporto, realizou-se um estudo com o objetivo de traduzir e avaliar as propriedades psicométricas iniciais da Escala de Preconceito Sexual no Esporte para uso no contexto brasileiro e português. Especificamente, buscou-se examinar a estrutura fatorial, confiabilidade e validade da SPSS em uma amostra de conveniência de estudantes universitários atletas no Brasil e em Portugal.
Método
Participantes
Participaram deste estudo 618 estudantes do ensino superior, dos quais 348 eram brasileiros e 270 portugueses. A média de idade dos participantes brasileiros foi de 25 anos (DP=7.0) e dos participantes portugueses foi de 23 anos (DP=5.0).
No total, 52.3% eram mulheres e 47.7% homens. A distribuição de gênero variou entre os países, com o Brasil tendo mais participantes cisgênero femininos (60.6%) e Portugal mais participantes cisgênero masculinos (58.5%). Quanto à orientação sexual, a maioria era heterossexual (62.8%), seguida por bissexuais (24.9%), gay/lésbica (10.5%) e outro/pansexual (1.8%). O Brasil teve uma proporção maior de heterossexuais (67.0%) e gay/lésbica (15.8%), enquanto Portugal teve mais bissexuais (34.8%) e foi o único com participantes na categoria outro/pansexual (4.1%).
Este estudo focou em estudantes universitários atletas para compreender as atitudes em relação à diversidade sexual no contexto da educação superior e do esporte.
Instrumentos
Foi utilizado um questionário sociodemográfico e duas escalas que se descrevem a seguir.
Escala de preconceito sexual no esporte (tradução de Sexual prejudice in Sport Scale - SPSS; )
É um instrumento de 19 itens que avalia atitudes em relação a gays e lésbicas no esporte. Cada item está associado a uma escala Likert de 7 pontos variando de 1 (discordo totalmente) a 7 (concordo totalmente), em que uma pontuação maior na escala indica maiores atitudes negativas. A análise fatorial exploratória realizada por resultou em três fatores ou subescalas explicando 62.73% da variância: i) rejeição aberta (Open-rejection - OR), com 7 itens e refletem o preconceito explícito; ii) negação de visibilidade (Denial of visibility - DV), com 5 itens e abrange atitudes de negação da presença de gays e lésbicas no esporte; iii) desempenho de gênero (Gendering performance - GP), com 7 itens e se refere à atribuição de habilidades esportivas baseadas em estereótipos de gênero.
Exemplos de itens para cada subescala incluem: “Acredito que atletas LG [lésbicas e gays] não deveriam declarar abertamente sua orientação sexual, mesmo se quiserem” (Negação de Visibilidade); “Pessoas LG não deveriam ser permitidas como treinadores” (Rejeição Aberta); e “Mulheres lésbicas têm mais probabilidade de se tornarem líderes do que mulheres heterossexuais” (Desempenho de Gênero). A versão completa da escala pode ser encontrada no Apêndice.
Os escores das subescalas são calculadas pela média dos itens. A escala demonstrou boa consistência interna em ambos os grupos (heterossexuais e gays/lésbicas), com valores de alfa de Cronbach (α) variando de .71 a .93 para as subescalas e pontuação total.
Escala Multidimensional de Atitudes Face a Lésbicas e a Gays; EMAFLG
Validada em Portugal () e no Brasil (). É um instrumento de 27 itens avaliados em uma escala Likert de 6 pontos (1 = discordo completamente; 6 = concordo completamente). A EMAFLG inclui três subescalas negativas: Homopatologização (5 itens), que avalia os juízos patologizadores e morais sobre a homossexualidade; Rejeição de Proximidade (10 itens), que mede o evitamento de contato com lésbicas e gays em diversos contextos e o desconforto na sua presença, e Heterossexismo Moderno (7 itens), que se refere às manifestações contemporâneas de preconceito contra lésbicas e gays no que diz respeito à conjugalidade e parentalidade. Possui também uma subescala positiva: Suporte (5 itens), que avalia a legitimidade da defesa dos direitos de lésbicas e gays. Exemplos de itens para cada subescala incluem: “Os gays e as lésbicas enervam-me” (Rejeição da Proximidade); “A homossexualidade é uma perturbação psicológica” (Homopatologização); “A legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo irá abalar os princípios fundamentais da sociedade” (Heterossexismo Moderno); e “As organizações que promovem os direitos dos homossexuais são necessárias” (Suporte). A consistência interna da escala total é adequada (α = .87), assim como a das subescalas: Homopatologização (α = .86), Rejeição de Proximidade (α= .91), Heterossexismo Moderno (α = .79) e Suporte (α = .83).
Procedimento
A escala Sexual prejudice in Sport Scale - SPSS () foi traduzida seguindo o procedimento de tradução e retradução (). O processo incluiu autorização dos autores originais, tradução para português, retradução para inglês, comparação das versões por pesquisadores, aprovação final dos autores originais e um estudo piloto com 80 estudantes universitários no Brasil e Portugal. O estudo piloto confirmou a clareza e compreensibilidade do questionário.
A coleta de dados ocorreu entre março e setembro de 2020 no Brasil e em Portugal, através de um questionário online anônimo distribuído para universidades e organizações esportivas. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade da Beira Interior (Portugal) e da Universidade Federal de Jataí (Brasil) (n. 44341021.4.0000.8155). Os critérios de inclusão foram: estudantes universitários atletas maiores de 18 anos, que preencheram completamente os questionários e aceitaram os termos de consentimento: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE - Brasil) e o Termo de Consentimento Informado (TCI - Portugal).
Análise de dados
A sensibilidade psicométrica dos itens foi avaliada por assimetria e curtose, com limites de 3 e 7, respectivamente (). Devido à não-normalidade, usou-se a correlação de Spearman. A validade de construto foi estabelecida por validade fatorial, convergente e discriminante (). Realizaram-se análises fatoriais confirmatórias separadas para as amostras portuguesa e brasileira, considerando possíveis diferenças culturais que poderiam influenciar a estrutura fatorial da escala. Esta abordagem permitiu examinar a consistência da estrutura fatorial da SPSS entre os contextos culturais, avaliar a invariância da medida entre os países e identificar possíveis adaptações necessárias para cada contexto específico. A validade fatorial foi analisada por Análise Fatorial Confirmatória usando o método Mínimos Quadrados Ponderados (DWLS) no JASP 0.18.0, escolhido por sua robustez para dados categóricos e ordinais não-normais ().
O modelo de 3 subescalas foi considerado válido com base nos seguintes critérios:
cargas fatoriais > .40; índices de ajuste a Razão da Estatística do Qui-quadrado pelos
graus de liberdade
Resultados
Validade fatorial
O Kaiser-Meyer-Olkin Test (KMO) apresentou valores adequados em ambas as amostras (KMO Brasil = .91; KMO Portugal = .88), acima do mínimo recomendado de .60 (). O Measure of Sampling Adequacy (MSA) foram adequados em ambas as amostras, variando de .67 a .94 na amostra brasileira e de .75 a .97 na amostra portuguesa ().
O modelo de Portugal apresentou apresentou excelente ajuste em todos os índices (Tabela 1). O
Modelo |
|
SRMR | GFI | IFI | TLI | CFI* | RMSEA |
---|---|---|---|---|---|---|---|
Portugal | .60 | .07 | .97 | 1.02 | 1.02 | 1.00* | .000 (.000 - .000) |
Brasil | 1.06 | .05 | .99 | .99 | .997 | .99* | .014 (.000 - .029) |
As Figuras 1 e 2 apresentam a adequação dos dados para a estrutura fatorial com três subescalas da SPSS, realizada por meio da análise fatorial confirmatória. Especificamente, para Portugal (Figura 1), todas as subescalas apresentaram confiabilidade composta adequada, com alphas de Cronbach acima do recomendado mínimo de .7. As cargas fatoriais também se revelaram altas, com a maioria dos indicadores (84%) saturando fortemente nos construtos latentes esperados. O processo de bootstrapping confirmou a estabilidade desses parâmetros. Já para o Brasil (Figura 2), observa-se uma queda na confiabilidade composta da subescala Negação de Visibilidade (DV), com alpha abaixo do ideal. Além disso, vários indicadores dessa subescala e de Desempenho de Gênero (GP) apresentaram cargas fatoriais abaixo do recomendado (> .5), diferentemente de Portugal.
Validade convergente e discriminante
A Tabela 2 apresenta a Variância Extraída Média (VEM) e a confiabilidade composta (pc) referentes às 3 subescalas da SPSS para as amostras de Brasil e Portugal. Também são reportados os quadrados das correlações de Pearson entre os pares de subescalas para avaliação da validade discriminante, tendo em conta o critério de Fornell-Larcker e HTMT.
A análise psicométrica revelou problemas consistentes com a subescala Negação de Visibilidade (DV) em ambos os países. O critério Fornell-Larker e HTMT indicaram validade discriminante inadequada para DV. Embora todas as subescalas tenham apresentado confiabilidade composta adequada, a DV mostrou Variância Média Extraída (VME) abaixo do recomendado no Brasil (.37) e Portugal (.41). Esses resultados sugerem que a subescala DV necessita de revisão para melhorar suas propriedades psicométricas em ambos os contextos culturais.
Nestas situações, uma opção seria eliminar variáveis observadas ou mensuradas das dimensões que apresentam esse valor. No entanto, esses pontos de corte não são inflexíveis. Nesse sentido, optou-se por testar a validade do modelo por meio do crossloading (Tabela 3).
A análise das cargas fatoriais e cruzadas na Tabela 3 confirma a validade discriminante geral, mas revela problemas com quatro itens (10, 11, 12 e 17). Estes itens apresentaram cargas cruzadas altas em múltiplos construtos, indicando possível sobreposição conceitual, especialmente entre as subescalas GP e OR. O item 10 mostrou cargas similares em DV e OR no Brasil, enquanto os itens 11, 12 e 17 tiveram cargas altas e semelhantes em GP e OR em ambos os países. Esses resultados sugerem a necessidade de refinamento nos indicadores ou na modelagem para melhorar a discriminação entre os construtos.
Correlações de Spearman foram utilizadas para avaliar a validade convergente entre a SPSS e a EMAFLG, devido à não-normalidade dos dados. Encontraram-se correlações estatisticamente significativas (p < .001) entre os escores totais e subescalas de ambos os instrumentos nas duas amostras (Tabela 4). A pontuação total da SPSS mostrou correlação moderada com o escore total da EMAFLG no Brasil (r = .39) e em Portugal (r = .32). As correlações mais fortes foram observadas entre construtos teoricamente similares, notadamente entre Rejeição Aberta (OR) da SPSS e Rejeição da Proximidade (RP) da EMAFLG, tanto no Brasil (r = .57) quanto em Portugal (r = .58).
1 - SPSS Total | 2 - OR | 3 - DV | 4 - GP | 5 - EMAF LG Total | 6 - RP | 7 - HP | 8 - HM | |
---|---|---|---|---|---|---|---|---|
BRASIL | ||||||||
1 - SPSS Total | ||||||||
2 - OR | .53*** | |||||||
3 - DV | .85*** | .44*** | ||||||
4 - GP | .80*** | .38*** | .44*** | |||||
5 - EMAFLG Total | .32*** | .20*** | .33*** | .20*** | ||||
6 - RP | .22*** | .20*** | .20*** | .18*** | .39*** | |||
7 - HP | .26*** | .29*** | .19*** | .24*** | .49*** | .25*** | ||
8 - HM | .32*** | .23*** | .19*** | .19*** | .71*** | .14*** | .38*** | |
9 - SP | -.18*** | -.25*** | .13* | -.17*** | -.09 | -.34*** | -.38*** | -.50*** |
PORTUGAL | ||||||||
1 - SPSS Total | ||||||||
2 - OR | .79*** | |||||||
3 - DV | .83*** | .51*** | ||||||
4 - GP | .86** | .71** | .50** | |||||
5 - EMAFLG Total | .39*** | .23** | .33*** | .38*** | ||||
6 - RP | .14 | .09 | .05 | .22** | .57*** | |||
7 - HP | .57*** | .58** | .42*** | .52*** | .58*** | .27*** | ||
8 - HM | .44*** | .28*** | .48*** | .30*** | .66*** | .19* | .51*** | |
9 - SP | -.40*** | -.45*** | -.37*** | -.25** | -.08 | -.04 | -.52*** | -.58*** |
Foram encontradas correlações significativas e na direção esperada entre as subescalas dos dois instrumentos. A subescala Suporte da EMAFLG, que mede apoio aos direitos de gays e lésbicas correlacionou-se negativamente com as três subescalas de preconceito sexual da SPSS. As subescalas que medem visões negativas (Rejeição da Proximidade e Homopatologização) mostraram associações positivas com o preconceito. Estes resultados sugerem que ambos os instrumentos estão convergindo e medindo construtos associados, conforme esperado teoricamente.
Confiabilidade
A maioria das subescalas apresentou estimativas de confiabilidade adequadas em ambos os países. Os alphas de Cronbach variaram de .58 (marginal) a .92, e a confiabilidade composta de .71 a .94. Considerando que a confiabilidade composta é um melhor estimador da confiabilidade do construto (), esses resultados indicam que, em geral, os itens de cada subescala demonstram confiabilidade e consistência interna dentro dos parâmetros recomendados pela literatura psicométirica. A Tabela 5 apresenta as médias, desvios-padrão e estimativas de consistência interna para as subescalas e escore total da escala de preconceito sexual nas amostras do Brasil e Portugal.
Os coeficientes α mostraram índices adequados (acima de .70) nas amostras de ambos os países, indicando boa consistência interna e confiabilidade da SPSS nos dois países. Comparativamente, o grupo português apresentou escores significativamente mais altos em rejeição aberta, negação de visibilidade e no total da SPSS, exceto na subescala de desempenho de gênero, onde as médias foram equivalentes. Estes resultados sugerem atitudes mais preconceituosas em relação a gays e lésbicas na amostra portuguesa em comparação à brasileira, com exceção da avaliação de desempenho de gênero e, em menor grau, na escala total da SPSS.
Em relação à invariância, o modelo de mensuração apresentou bom ajuste aos dados em ambos os grupos quando nenhuma restrição de igualdade entre os parâmetros foi imposta (CFI = .98; RMSEA = .03). Isso suporta a invariância configural, indicando que o modelo fatorial de três subescalas é válido tanto para a amostra do Brasil quanto para a amostra de Portugal. No entanto, ao impor igualdade nas cargas fatoriais entre os grupos, observou-se uma piora considerável no ajuste do modelo (CFI = .86; RMSEA = .10; ΔCFI = -.11; ΔRMSEA = .06), com índices de modificação sugerindo falta de invariância métrica para vários indicadores, como nos itens 3, 14 e 19. A imposição de igualdade nas cargas fatoriais e interceptos resultou em deterioração adicional do ajuste CFI = .73; RMSEA = .13; ΔCFI = -.24; ΔRMSEA = .10), com índices de modificação indicando possível falta de invariância em vários parâmetros entre os grupos.
Discussão
O presente estudo descreveu o processo inicial de validação transcultural da SPSS, uma medida de preconceito sexual em relação a gays e a lésbicas no esporte, para o português brasileiro e europeu.
A validade fatorial da estrutura trifatorial original da SPSS () foi parcialmente confirmada. A subescala Rejeição Aberta, relacionada a atitudes preconceituosas flagrantes contra gays e lésbicas, apresentou robusta confiabilidade, validade convergente e discriminante nos dois países. Esse achado é consistente com estudos prévios que destacam o preconceito sexual aberto como uma barreira para a inclusão de gays e lésbicas no esporte (; ). A subescala Desempenho de Gênero também demonstrou propriedades psicométricas adequadas em ambos os contextos. Isso corrobora achados de que no esporte persistem estereótipos e expectativas rígidas sobre papéis de gênero e desempenho atlético baseado na orientação sexual (). Contudo, a subescala Negação de Visibilidade apresentou problemas psicométricos, especialmente fraca validade discriminante no Brasil, possivelmente por essa dimensão capturar formas mais sutis e implícitas de preconceito ().
Sobre a confiabilidade, a maioria das subescalas apresentaram α e confiabilidade composta dentro de parâmetros satisfatórios em ambas as amostras, à exceção da subescala Negação de Visibilidade no Brasil, que evidenciou α limítrofe de .58. Em Portugal, a VME da subescala também foi marginalmente inadequado (.41), embora as demais subescalas tenham demonstrado validade de construto satisfatória nos dois países (VME ≥ .46). Em geral, esses achados corroboram os valores adequados de consistência interna relatados por para a população italiana.
As correlações entre a SPSS e a EMAFLG evidenciaram validade convergente satisfatória. Os coeficientes mais fortes emergiram entre as subescalas teoricamente similares dos dois instrumentos. Isso sinaliza que a SPSS converge com uma escala já validada para mensurar preconceito sexual contra gays e lésbicas (; ). Quanto às diferenças culturais, Portugal apresentou médias significativamente mais altas de preconceito sexual contra gays e lésbicas do que o Brasil na maior parte das dimensões da SPSS. Esse contraste é notável, considerando os recentes avanços legais para a população LGBT em Portugal (), sugerindo que mudanças culturais na aceitação da diversidade sexual podem ocorrer mais lentamente que transformações institucionais e políticas ().
Embora, os resultados descritivos indiquem que os participantes portugueses reportaram escores significativamente mais elevados do que os brasileiros em todas as subescalas de preconceito sexual, observou-se maior variabilidade nas respostas. Em conjunto, esses achados sugerem inconsistências predominantes no subescala Negação de Visibilidade, particularmente na amostra brasileira. A falta de precisão e confiabilidade da subescala, capturada pelo alpha de Cronbach e pelo teste de validade convergente, se confirmou também na sua confiabilidade composta reduzida.
No que se refere à invariância métrica e escalar da SPSS, apenas a invariância configural foi estabelecida, indicando que o modelo fatorial de três subescalas é válido nos dois países. A inconsistência da estrutura fatorial no presente estudo pode refletir variações culturais nos padrões de preconceito sexual contra gays e lésbicas entre os países. Conforme discutido por , as atitudes em relação à orientação sexual são contextualmente dependentes, podendo assumir contornos distintos em diferentes culturas.
Os achados do presente estudo ratificam pesquisas prévias que apontam para uma associação entre preconceito sexual e visões negativas sobre gays e lésbicas (). Desse modo, expectativas estereotipadas sobre comportamentos de gênero associam-se ao endosso da heterossexualidade como único padrão válido de orientação sexual e identidade de gênero. Conforme , diferentes formas de preconceito contra gays e lésbicas se articulam entre si, o que traz implicações para a perpetuação de sistemas que mantêm a marginalização de indivíduos não-heterossexuais nos âmbitos social e institucional, incluindo a educação superior e o esporte. Logo, abordagens interseccionais e multinível são necessárias para desmantelar atitudes discriminatórias baseadas em orientação sexual e identidade de gênero de maneira efetiva.
Conclusão
Este estudo fornece evidências iniciais para a validade e confiabilidade da versão brasileira e portuguesa da Escala de Preconceito Sexual no Esporte (SPSS) em amostras de estudantes universitários atletas. A estrutura trifatorial original foi parcialmente confirmada, com as subescalas de Rejeição Aberta e Desempenho de Gênero demonstrando propriedades psicométricas satisfatórias em ambos os países. Estas dimensões podem ser utilizadas para avaliar, respectivamente, atitudes preconceituosas flagrantes e estereótipos de gênero em relação a gays e a lésbicas no contexto esportivo. A subescala de Negação de Visibilidade, entretanto, apresentou limitações psicométricas que requerem investigação adicional.
A correlação positiva entre a SPSS e a EMAFLG corrobora a validade convergente do instrumento. Contudo, a falta de invariância total entre as amostras brasileira e portuguesa sugere a necessidade de considerar possíveis variações culturais na manifestação do preconceito sexual contra gays e lésbicas no esporte.
As limitações deste estudo, como o uso de uma amostra de conveniência predominantemente jovem e universitária, apontam para a importância de pesquisas futuras com amostras mais diversificadas e representativas de atletas competitivos. Recomenda-se a realização de estudos adicionais para refinar a estrutura fatorial da SPSS, especialmente a subescala de Negação de Visibilidade, e para explorar sua aplicabilidade em diferentes contextos culturais e esportivos.
Apesar das limitações, a SPSS validada pode ser utilizada como uma ferramenta de avaliação em programas de formação de professores e treinadores, auxiliando no desenvolvimento de competências para criar ambientes esportivos mais inclusivos. Além disso, em contextos de educação não formal, como clubes esportivos e organizações juvenis, a escala pode ser empregada para avaliar o clima de inclusão e desenvolver intervenções específicas.
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Apêndices
Apêndice. ESCALA DE PRECONCEITO SEXUAL NO ESPORTE
Vamos fazer uma série de perguntas sobre suas atitudes em relação a atletas ou treinadores lésbicas e gays (LG). Não há respostas certas ou erradas, apenas opiniões. Por favor, indique o quanto você concorda com cada uma das seguintes afirmações usando a escala abaixo:
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7 |
---|---|---|---|---|---|---|
Discordo totalmente | Discordo | Discordo parcialmente | Não concordo nem discordo | Concordo parcialmente | Concordo | Concordo totalmente |
-
Acredito que atletas LG não deveriam declarar abertamente sua orientação sexual, mesmo se quiserem
-
Pessoas LG não deveriam ser permitidas como treinadores
-
Mulheres lésbicas têm mais probabilidade de se tornarem líderes do que mulheres heterossexuais
-
Aqueles que apoiam atletas LG deveriam ser isolados
-
Homens gays têm menos probabilidade de se tornarem líderes do que homens heterossexuais
-
A orientação sexual de atletas LG é um assunto privado que não deveria ser discutido
-
Acredito que a presença de atletas LG pode afetar negativamente a imagem dos clubes esportivos
-
Homens gays são menos competitivos do que homens heterossexuais
-
Eu me sentiria desconfortável em praticar esportes com um homem gay/uma mulher lésbica Eu me sentiria desconfortável se atletas LG falassem abertamente sobre sua orientação sexual
-
Mulheres lésbicas são menos adequadas para esportes como patinação, que são mais adequados para garotas
-
Atletas LG deveriam ser tratados como pessoas de segunda classe
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Homens gays não são tão bons em esportes quanto homens heterossexuais
-
Atletas LG entenderam que é melhor esconder sua orientação sexual
-
Mulheres lésbicas são mais habilidosas em esportes do que mulheres heterossexuais
-
Atletas LG que revelam sua orientação sexual deveriam ser expulsos dos clubes esportivos
-
Homens gays não poderiam ser fortes em um esporte de combate
-
Atletas LG deveriam ser tratados negativamente por causa de sua orientação sexual
-
[Nos meus clubes esportivos] pode haver atletas LG, mas eu não preciso saber quem são
Nota: Os itens são randomizados. As pontuações das subescalas são calculadas pela média das avaliações dos itens da subescala: OR (2, 4, 7, 9, 12, 16, 18), DV (1, 6, 10, 14, 19), GP (3, 5, 8, 11, 13, 15, 17).