Burnout parental, monitoramento parental e repertório comportamental das crianças

##plugins.themes.bootstrap3.article.main##

July Dorna Casper Boer
Luciana Carla dos Santos Elias

Resumo

O burnout parental é um estado físico e psicológico de exaustão, caracterizado por um cansaço extremo devido às atividades diárias de cuidado. Esse estado pode levar a comportamentos negligentes e até violentos, atuando como um fator de risco para o desenvolvimento das crianças. Este estudo teve como objetivo investigar as relações entre burnout parental, monitoramento parental e as habilidades sociais e comportamentais das crianças. Foi realizado um estudo quantitativo, transversal, com 108 cuidadoras e suas crianças de 6 a 10 anos. Os dados foram coletados por meio do Inventário de Burnout Parental, a versão traduzida e adaptada do Social Skills Rating System, e o Questionário de Monitoramento Parental. Foram realizadas análises estatísticas descritivas e inferenciais, com o auxílio do software JASP. Os resultados mostraram sinais significativos de burnout parental, especialmente na dimensão de exaustão. As cuidadoras relataram que as crianças apresentaram níveis médios a altos de habilidades sociais, mas também sinais de problemas comportamentais, sobretudo externalizantes. Esses achados reforçam a importância de intervenções preventivas que reduzam a exaustão parental e promovam práticas educativas positivas, contribuindo para melhorar as habilidades sociais e mitigar os problemas de comportamento das crianças, além de fortalecer as dinâmicas familiares.

Downloads

Não há dados estatísticos.

##plugins.themes.bootstrap3.article.details##

Como Citar
Dorna Casper Boer, J., & dos Santos Elias, L. C. (2024). Burnout parental, monitoramento parental e repertório comportamental das crianças. Revista de Estudios e Investigación en Psicología y Educación, 11(2). https://doi.org/10.17979/reipe.2024.11.2.10250
Secção
Artigos
Biografias Autor

July Dorna Casper Boer, Universidade de São Paulo (USP)

Departamento de Psicologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP): https://sites.usp.br/psicologiarp/pb/
Ribeirão Preto/ São Paulo - Brasil

Luciana Carla dos Santos Elias, Universidade de São Paulo (USP)

Departamento de Psicologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP): https://sites.usp.br/psicologiarp/pb/
Ribeirão Preto/ São Paulo - Brasil

Casper Boer and dos Santos Elias: Burnout parental, monitoramento parental e repertório comportamental das crianças

A síndrome de burnout parental é concebida como um estado físico e psicológico de verdadeira exaustão, tendo como principal característica o esgotamento marcado pelo cansaço extremo decorrente das atividades diárias relacionadas aos filhos (). A função parental implica em vivenciar eventos estressores de diversos níveis e, diante de dificuldades em apoiar-se em recursos apropriados para o enfrentamento dessas situações, notadamente aquelas de caráter crônico (Roskam et al., , ), os cuidadores podem desenvolver o burnout parental ().

O burnout parental possui quatro diferentes dimensões: a) exaustão: sensação de sobrecarga emocional relacionada às responsabilidades parentais, ou seja, uma fadiga crônica marcada por sentimentos de paralisia frente às cobranças diárias; b) saturação: chegar no limite do cansaço de ser pai/mãe; c) contraste: não se sentir bom o suficiente no exercício da função parental, comparativamente às experiências anteriores; e d) distanciamento: vontade de permanecer longe emocionalmente dos filhos; o indivíduo não consegue suportar o sofrimento e, para evitá-lo, passa a fugir das interações com o filho, ou seja, as interações se restringem aos aspectos funcionais ou instrumentais (; ). O surgimento da síndrome de burnout parental está relacionado ao desequilíbrio entre os recursos e demandas no contexto familiar. Existem fatores que contribuem para um maior risco do desenvolvimento do burnout parental como: o perfeccionismo, a baixa inteligência emocional, privação do sono, excessivas tarefas diárias, práticas parentais inadequadas, falta de apoio coparental e/ou de familiares, ausência de recursos educacionais para a primeira infância, dentre outros. Por outro lado, há fatores de proteção (recursos) que colaboram para a diminuição significativa do estresse dos pais, como: autocompaixão, inteligência emocional, disponibilidade de tempo para o lazer, coparentalidade positiva, recursos financeiros e apoio externo; o balanceamento dos riscos e recursos é essencial para evitar a ocorrência do burnout parental (; ).

Sabe-se que em diferentes constituições familiares, os cuidadores principais são responsáveis por proporcionar um desenvolvimento saudável às crianças, tornando-as confiantes, responsáveis e socialmente habilidosas, e com desenvolvimento acadêmico esperado (; ; ). Os comportamentos dos cuidadores e cuidadoras influenciam diretamente o repertório comportamental das crianças (quer nas habilidades sociais como nos problemas de comportamento), visto que eles são promotores de modelos e contingências comportamentais (). Nesse cenário, o burnout parental está ligado a uma menor possibilidade de monitoramento e interações parentais positivas ().

Entende-se o monitoramento parental como o nível de atenção e cuidado que mães e pais proporcionam a filhos e filhas, ou seja, o conhecimento e participação sobre as atividades que desenvolvem diariamente (). Um/a cuidador/a que usa monitoramento positivo é aquele/a que tem atitudes que resultam em esforço para ter conhecimento sobre o que as crianças fazem, quem são as pessoas que interagem com eles, ter iniciativa e disposição em auxiliar os/as filhos/as em suas dificuldades ou organizações de vida e oferecer as devidas contingências às situações diárias; contudo, o monitoramento excessivo impede a independência do filho, pois controla e tem efeitos negativos no desenvolvimento (). A literatura tem apontado a importância de práticas educativas marcadas pelo monitoramento parental positivo na promoção de bons repertórios comportamentais em meninas e meninos, marcados por habilidades sociais (; ).

O monitoramento parental pode estar presente em práticas parentais positivas ou negativas. As práticas positivas consistem no estabelecimento de regras, uso adequado da atenção, distribuição de afeto, acompanhamento de atividades escolares e de lazer e desenvolvimento de comportamento moral. Já as práticas negativas envolvem a negligência, abuso físico e/ou psicológico, ausência de afeto, prática de disciplina através de práticas coercitivas e negativas (Gomide, , ).

Nesta esteira, em uma revisão sistemática da literatura, resultados encontrados afirmaram que um ambiente de alto risco familiar para burnout parental pode prejudicar a compreensão das emoções sentidas pelas crianças, interferindo negativamente no desenvolvimento das habilidades sociais (). Prejuízo nas práticas parentais e no monitoramento também podem ocasionar dificuldades no repertório comportamental dos meninos e meninas, quer em habilidades sociais e/ou problemas de comportamento (; ; ).

Segundo , habilidades sociais são comportamentos aprendidos ao longo do desenvolvimento e valorizados em determinada cultura, os quais contribuem para resultados favoráveis quando do desfecho de uma interação social. Ter um bom repertório de habilidades sociais contribui para a competência social, mas não a garante; para a competência social é necessário que haja integração entre os pensamentos, sentimentos e comportamentos que produzem resultados positivos dentro de ética social (). Assim, o sujeito socialmente competente consegue discriminar quais comportamentos se adequam de forma mais efetiva em diferentes contextos sociais e consegue produzir mais frequentemente reforçadores positivos do que negativos ().

Contrariamente aos comportamentos socialmente habilidosos encontram-se os problemas de comportamento, compreendidos como excessos ou déficits comportamentais do indivíduo, identificados por padrões externalizantes e/ou internalizantes (). Os primeiros se referem aos comportamentos manifestos em relação aos outros, como atitudes agressivas, coercitivas, opositoras e entre outros; já os internalizantes são caracterizados pela ansiedade, isolamento social, retraimento, depressão etc., que acabam sendo sentidos pelo próprio indivíduo (; ). Os problemas de comportamento e as habilidades sociais são concorrentes (; ).

Considerando o contexto acima exposto, o presente estudo teve como objetivo geral caracterizar o burnout e monitoramento parental e as habilidades sociais e problemas de comportamento das crianças, assim como suas associações. Espera-se contribuir para a compreensão do fenômeno dada a literatura ainda escassa, de forma a desenvolver intervenções preventivas de caráter universal destinada aos pais, contribuindo assim para desfechos mais positivos para mães-pais e filhas-filhos.

Método

Participantes

Tratou-se de um estudo quantitativo e com amostra de conveniência. Participaram 108 cuidadoras (sendo 106 mães e 2 avós como cuidadoras principais), com idade entre 23 e 71 anos (M = 38 anos, DP = 9.71) e 108 crianças com idade entre 6 e 10 anos: 57 meninos (M = 8.47 anos, DP = 1.36) e 51 meninas (M = 7.78 anos, DP = 1.50), matriculados em escolas públicas de um município com 238.339 habitantes (de acordo com o censo de 2022), do interior de São Paulo, Brasil. A opção pela investigação direcionada aos participantes da faixa etária entre 6 e 10 anos se deu ao fato de estarem cursando o início da educação formal, período que requer mudanças comportamentais para as crianças e seus pais, o que pode ocasionar em experiências que favorecerão ou não desfechos positivos para ambos (; ).

O critério de inclusão utilizado foi ser a responsável legal e cuidadora principal da criança com idade entre 6 e 10 anos e o de exclusão foi filho identificado como tendo alguma deficiência. Crianças com deficiências participaram da coleta de dados, mas foram retiradas das análises em razão do baixo número da amostra e pela dificuldade de acesso aos prontuários médicos de diagnóstico para efetiva comprovação da condição médica.

Quanto às condições socioeconômicas, 12.03 % participantes pertenciam à classe A (R$21.826,74 - renda média); 5.55 % participantes pertenciam à classe B1 (R$10.361,48 - renda média); 29.63 % pertenciam à classe B2 (R$5.755,23 - renda média); 24.07 % se enquadraram na classe C1 (R$3.276,76 - renda média); 23.14 % correspondiam à classe C2 (R$1.965,87 - renda média) e 5.55 % pertenciam à classe D-E (R$900,60 - renda média), segundo classificação do Instrumento Critério Brasil ().

Instrumentos

Inventário de Burnout Parental

Elaborado originalmente por e traduzido, adaptado e validado para a realidade brasileira por . O inventário de burnout parental é uma medida padrão ouro para rastreio do esgotamento parental, que já vem sendo utilizado em diferentes países. Foi escolhido para aplicação com as cuidadoras do presente estudo, pois é o único instrumento desenvolvido e validado para rastreio da síndrome no contexto brasileiro. A utilização deste instrumento em muitos países e na versão em língua portuguesa é uma medida válida e confiável que pode ser utilizada para estudos transculturais, o que favorece a ampliação e o refinamento do conceito a partir do contexto bioecológico que os participantes vivenciam.

O instrumento possui 23 itens, avaliados em uma escala Likert (0-6), dividido em quatro dimensões do burnout parental: Exaustão (9 itens, por exemplo: “sinto-me completamente esgotada enquanto mãe”); Distanciamento (3 itens, por exemplo: “faço somente o mínimo que é preciso para o/a(s) meu/minha(s) filho/a(s), mas não mais do que isso”); e Saturação (5 itens, por exemplo, “sinto que já não aguento mais ser mãe”); e Contraste (6 itens, por exemplo: “sinto-me perdida enquanto mãe”). O cálculo da pontuação total e das dimensões se dá pelo cálculo das médias.

Quanto aos índices psicométricos, o instrumento apresenta confiabilidades (alfa de Cronbach) de .97 para a Pontuação global, .95 para Exaustão, .81 para Distanciamento, .93 para Saturação e .93 para Contraste. Ademais: χ 2 (223) = 1088.20; p < .001; CFI = .97; TLI = .96; RMSEA = .07)

Inventário de Habilidades Sociais, Problemas de Comportamento e Competência Acadêmica para Crianças (SSRS)

Elaborado originalmente por Gresham e Elliott (1990 (Social Skills Rating System) e adaptado e traduzido para a realidade brasileira por (), a subescala de Habilidades sociais é composta de 23 itens, que são respondidos pelas mães e pais sobre seus filhos e filhas, agrupados em cinco fatores: Responsabilidade (4 itens, por exemplo: “Guarda seus brinquedos ou outras coisas de casa”); Autocontrole (5 itens, por exemplo: “Controla sua irritação quando discute com os outros”); Afetividade/Cooperação (6 itens, por exemplo: “Faz elogios para amigos e outras crianças na família”); Desenvoltura Social (4 itens, por exemplo: “Apresenta-se a novas pessoas sem ser mandado”); e Civilidade (4 itens, por exemplo: “Em casa, fala em tom de voz apropriado”).

A subescala de Problemas de comportamento é composta de 15 itens divididos em 2 fatores: Problemas externalizantes (10 itens, por exemplo: “briga com os outros”) e Problemas internalizantes (5 itens, por exemplo: “mostra-se triste ou deprimido”).

Destaca-se que as correções e classificações do presente instrumento são realizadas a partir do sexo (feminino e masculino); desta forma, os resultados podem ser apresentados respeitando tais parâmetros.

No presente estudo os resultados serão apresentados considerando as classificações (deficitário, médio inferior, médio, médio superior e repertório muito elaborado), independente do sexo. A cotação das pontuações é feita a partir da análise de frequência respondida em cada item da subescala, podendo ser 0 (nunca), 1 (algumas vezes) ou 2 (muito frequente) pontos. Na sequência, somam-se as pontuações de cada um dos fatores para então identificar o percentil e classificação correspondentes do instrumento.

Os índices psicométricos do instrumento apontam valores de confiabilidade composta para as estruturas fatoriais de Habilidades sociais de F1 = .69, F2 = .73, F3 = .62, F4 = .65, F5 = .63 e Problemas de comportamento de F1 = .84 e F2 = .64. Enquanto a análise de consistência interna dos componentes indicou valores de alfa de Cronbach entre .91 e .94. Para a escala de Habilidades sociais foram obtidos índices satisfatórios para todos os critérios adotados: c²/gl = 1.60, CFI = .90, GFI = .89, RMR = .02 e RMSEA = .04; para a escala de Problemas de comportamento foram obtidos tais índices: χ 2 /gl = 1.90, CFI = .92, GFI = .92, RMR = .02 e RMSEA = .05.

O inventário foi escolhido para aplicação com as cuidadoras em razão de ser um instrumento que avalia diretamente o repertório de habilidades sociais e problemas de comportamento das crianças (objetos de pesquisa deste presente estudo), a partir da percepção das cuidadoras. A importância do instrumento neste contexto é percebida pela quantidade de estudos que apontam a lacuna de indicadores avaliativos importantes para o desenvolvimento infantil e na idade escolar (habilidades sociais, problemas de comportamento e competência acadêmica).

Questionário de Monitoramento Parental (QMP)

Elaborado por e validado por , o questionário é composto por 28 questões, respondidas pelos filhos/as sobre suas mães e seus pais, sendo 12 dirigidas ao tipo de monitoramento fornecido pelo pai (por exemplo, “seu pai ajuda você nos trabalhos escolares?”), 12 pela mãe (por exemplo, “quando tem algum problema fora de casa você conta para sua mãe?”) e 4 em conjunto (por exemplo, “a família costuma fazer alguma atividade junta?”).

A cotação das pontuações é realizada pela soma de cada uma das respostas dadas, atribuindo-se 2 pontos à resposta “Sim”, 0 pontos à resposta “Não” e 1 ponto à resposta “Às vezes”. A somatória de pontos no monitoramento do pai e da mãe é de no máximo 24 para cada e, no monitoramento conjunto, no máximo 8 pontos. A pontuação máxima no total é de 56 pontos.

Os índices psicométricos do questionário foram a confiabilidade composta (CC), variância média extraída (VME) e alfa de Cronbach (α). Para o monitoramento do pai: CC = .77, VME = .28, e α = .72; para o monitoramento mãe: CC = .61, VME = .24, e α = .60 e; para o monitoramento conjunto: CC = .77 e α .= .74 ().

No presente trabalho foi priorizado o total do questionário de monitoramento parental em razão do maior índice de confiabilidade e necessidade de compreensão da visão geral das crianças sobre o cuidado de suas mães e seus pais, e por não se tratar de um estudo com comparação dos cuidados desempenhados separadamente.

Procedimento

A realização do estudo foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, seguindo as normas da Resolução n.º 466/12 e 510/16. O estudo tem o certificado de apresentação de apreciação ética (CAAE) número 30583420.5.0000.5407.

Após aprovação do comitê de ética, a pesquisadora entrou em contato com as cuidadoras a fim de aplicar os questionários, deixando-as à vontade quanto à participação por telefone, videochamada ou por formulário do Google que seria disponibilizado por um link. O tempo de aplicação de todos os questionários com as cuidadoras foi de aproximadamente 30 minutos. Após o aceite, foram aplicados os Termos de Consentimento Livre e Esclarecido. Com as cuidadoras foram aplicados os seguintes instrumentos: inventário de burnout parental e o questionário Social Skills Rating System (SSRS/BR) foram aplicados remotamente de forma síncrona. Após o aceite das cuidadoras e concordância das crianças por meio do Termo de Assentimento Livre e Esclarecido, iniciou-se a aplicação do questionário de monitoramento parental (QMP), que ocorreu individualmente, com duração de 10 minutos, nas escolas onde estudavam, no contraturno escolar, de forma a não atrapalhar as aulas. Após a coleta de dados com as duas fontes de informação (cuidadoras e filhos/as), foram realizados os procedimentos de cotação dos protocolos de acordo com as diretrizes de cada um, a análise estatística pertinente e a elaboração da apresentação dos dados captados.

Análises de dados

Os instrumentos foram cotados de acordo com as proposições de cada técnica e realizadas análises descritivas com auxílio do programa estatístico JASP versão 16, com 95 % de nível de confiança (p < .05). Foram realizadas estatísticas descritivas, verificada a normalidade das variáveis e todas os dados deram normalidade, considerando-se os valores de curtose até 7 pontos e simetria até 3 () e, na sequência, realizadas as análises descritivas. Para caracterizar a amostra, a partir do escore obtido pelas cuidadoras em cada categoria do SSRS-BR/pais, foi definido o percentil correspondente e sua classificação em relação aos dados normativos (): escore baixo (percentil < 25), médio (percentil > 25 e < 75) e superior (percentil > 75). Posteriormente foram determinadas a frequência e percentagem das crianças que se localizaram nos escores baixos, médios ou altos para cada categoria da variável correspondente. Frente a normalidade dos dados, foram realizadas correlações de Pearson entre o burnout parental, monitoramento parental, habilidades sociais e problemas de comportamento avaliadas pelas cuidadoras. As correlações foram consideradas como fracas quando com valores menores que .30, moderadas entre .30 e .69 e fortes acima de .70 ().

Resultados

Os resultados estão apresentados em duas seções: a primeira apresenta a caracterização do burnout parental, monitoramento parental e das habilidades sociais e problemas de comportamento dos filhos e das filhas na percepção das cuidadoras. Cumpre observar que os resultados da caracterização dos problemas de comportamento devem ser interpretados da seguinte maneira: a classificação baixa significa menor frequência de problemas de comportamento ao passo que a classificação superior significa maior frequência de problemas de comportamento. Vale ressaltar que somente a avaliação de monitoramento parental foi realizada a partir da percepção das crianças. A segunda seção refere-se às análises de associações entre correlativas significativas entre burnout parental, habilidades sociais e problemas de comportamento.

Iniciando a primeira seção, quanto aos resultados de burnout parental (autoavaliados pelas cuidadoras), no fator exaustão obteve-se média de 9.07 (DP = 13.82); no fator contaste a média foi de 4.96 (DP = 8.77); no fator saturação a média foi de 3.65 (6.25); no fator distanciamento a média foi de 1.95 (DP = 4.40); no escore geral do inventário a média foi de 19.64 (DP = 31.14). Observa-se que ao comparar as médias obtidas pelas participantes com as médias do instrumento, no total e na dimensão exaustão os resultados estiveram acima e nas demais dimensões abaixo.

Quanto aos resultados do monitoramento parental respondidos pelos meninos e menimas (verificado pelo total no questionário de monitoramento parental), cuidadores e cuidadoras apresentaram média de 39.79 pontos (DP = 9.77), sendo a pontuação máxima 56 pontos; assim, a pontuação obtida corresponde a 71.05 % do total de pontos possíveis.

A seguir, na Tabela 1, encontram-se os resultados descritivos do escore geral e dos escores fatoriais de habilidades sociais e de problemas comportamentais respondidos pelas cuidadoras, com especificação da frequência das participantes em cada um dos níveis percentis (baixo, médio e superior).

Tabela 1Resultados do repertório comportamental dos filhos obtidos pelo SSRS - versão cuidadoras 
Repertório
Habilidades Sociais Escore Baixo Médio Superior
Mín-Máx n % n % n %
HS (SSRS-BR)
  Escore Geral 0-46 33 30.5 59 54.6 16 14.8
  F1: Responsabilidade 0-8 21 19.4 59 54.6 28 25.9
  F2: Autocontrole 0-10 7 6.4 67 62.0 34 31.4
  F3: Afetividade/cooperação 0-12 18 16.6 63 58.3 27 25.0
  F4: Desenvoltura social 0-8 44 40.7 49 45.3 15 13.8
  F5: Civilidade 0-8 28 25.9 56 51.8 24 22.2
PC (SSRS-BR)
  Escore Geral 0-28 33 30.5 44 40.7 31 28.7
  F1: Externalizantes 0-20 33 30.5 55 50.9 20 18.5
  F2: Internalizantes 0-10 37 34.2 46 42.5 25 23.1

A Tabela 1 aponta que a maioria das crianças foi avaliada como tendo repertório médio e superior: em relação ao escore geral em habilidades sociais e em civilidade (F5), 70% estiveram com esse repertório; nos fatores responsabilidade (F1) e afetividade/cooperação (F3), 80%; em autocontrole (F2), 90%; no fator desenvoltura social (F4), 58%. Já em relação aos problemas de comportamento (PC), mais de 70% dos/as filhos/as apresentaram repertório entre baixo e médio no escore geral, e nos fatores externalizantes (F1) e internalizantes (F2).

Na Tabela 2, serão apresentadas as correlações significativas entre o burnout parental, as habilidades sociais e os problemas de comportamento respondidos pelas cuidadoras. Vale ressaltar que o inventário de burnout parental é apresentado segundo a própria percepção das cuidadoras sobre elas e os outros instrumentos são referentes aos meninos e meninas.

Tabela 2Correlações entre burnout parental, habilidades sociais, problemas de comportamento e monitoramento parental, segundo cuidadoras 
Variáveis Variáveis associadas r
Burnout parental Total Habilidades sociais -.23*
Problemas de comportamento .41***
Monitoramento parental .25
  Exaustão Habilidades sociais -.19*
Problemas de comportamento .38***
Monitoramento parental .05
  Distanciamento Habilidades sociais -.24*
Problemas de comportamento .25**
Monitoramento parental .00
  Saturação Habilidades sociais -.18*
Problemas de comportamento .38***
Monitoramento parental .02
  Contraste Habilidades sociais -.28**
Problemas de comportamento .44***
Monitoramento parental -.01
Monitoramento parental Habilidades sociais .63
Problemas de comportamento .06

* p < 05

** p < .01

*** p < .001

A Tabela 2 indica correlações significativas positivas moderadas entre total de burnout parental, exaustão, contraste e saturação com o total de problemas de comportamento. Houve correlação significativa positiva fraca entre o distanciamento e o total de problemas de comportamento. São encontradas correlações significativas negativas fracas entre total de burnout parental, exaustão, contraste, saturação e distanciamento com o total de habilidades sociais.

Discussão

O presente estudo teve como objetivo geral caracterizar o burnout e monitoramento parental e as habilidades sociais e problemas de comportamento dos filhos e das filhas, assim como suas associações.

Os resultados relativos ao burnout parental apontaram sinais da síndrome quanto ao escore geral e ao fator exaustão, que se refere a estar sobrecarregado/a e cansado/a de tarefas relacionadas às crianças (exemplificando: se sentir cansado só de pensar em tudo que é preciso ser realizado pelos/as filhos/as ou como não aguentar mais ser mãe). consideram a exaustão como ponto de partida e um fator preocupante para o desenvolvimento do esgotamento parental, sendo a característica que primeiro surge quando os riscos superam os recursos dos pais.

No presente estudo foi observado ainda que nos fatores contraste, saturação e distanciamento que compõem o burnout parental, as cuidadoras alcançaram escores abaixo da média do instrumento, sinalizando que ainda apresentavam reservas cognitivas, afetivas e comportamentais nas vivências parentais relativas a esses fatores, o que pode estar relacionado a diferentes fatores de proteção das próprias cuidadoras ou do ambiente. Os achados do presente estudo apontaram que as cuidadoras tinham idade média acima de 38 anos, filhas e filhos saudáveis, idade escolar e condições socioeconômicas mais favoráveis, o que se alinha ao estudo de e de , que ressaltam a importância de recursos que atuam como fatores de proteção à síndrome do burnout parental, dentre os quais tem-se a maior idade dos pais, crianças saudáveis, idade escolar, presença de recursos econômicos, e divisão de tarefas familiares, dentre outros.

Faz-se importante destacar que as cuidadoras participantes sinalizaram se sentir mais exaustas, mas ainda tiveram preservada a proximidade dos/as filhos/as (escala de distanciamento abaixo da média do instrumento) e, no fator contraste, os achados evidenciaram pontuação abaixo da média do instrumento, o que demonstra que as cuidadoras tiveram preservadas a comunicação, a vivência e o afeto com os filhos e as filhas. Por sua vez, o fator saturação também permaneceu abaixo da média do instrumento, o que revela que as cuidadoras não tiveram impasses quanto aos seus sentimentos de gostar de ser mãe. Em síntese, os resultados sinalizaram que, apesar das dificuldades apresentadas pelas cuidadoras, elas sentem que são capazes de atuarem positivamente na educação e criação de seus meninas e meninos, o que vai ao encontro da literatura ao considerar o burnout parental como um processo que se instala progressivamente (). Neste cenário, trabalhar de forma preventiva aos primeiros sinais mostra-se relevante, contribuindo para a saúde mental dos diferentes atores (cuidadoras e filhos/as).

No que tange ao monitoramento parental total recebido pelos filhos e filhas (autoavaliado pelas próprias crianças), os dados apontaram que foi positivamente expressivo (mais de 70 % dos pontos possíveis). Segundo a literatura, a intensidade do monitoramento dependerá do contexto de vida das famílias e das características das pessoas cuidadoras, filhos/as e ambiente (recursos e dificuldades) (; ; ); tem-se ainda que práticas educativas marcadas pelo monitoramento parental positivo promovem bons repertórios sociais e comportamentais das meninas e dos meninos (; Elias e Marturano, ; 2019; ; ).

Quanto ao repertório comportamental dos filhos e filhas (segundo avaliação das mães), no que tange ao total de habilidades sociais (somatória dos fatores), assim como separadamente nos fatores, os participantes sinalizaram reserva comportamental importante, alcançando mais de 70 % desses na classificação média ou superior. Já com relação aos problemas de comportamento totais, assim como externalizantes e internalizantes, observou-se que mais de 70 % das pessoas participantes apresentaram repertório baixo ou médio para problemas. Segundo a literatura, habilidades sociais e problemas de comportamento são concorrentes (; ). Comportamentos socialmente aceitos tendem a facilitar as relações e garantir reforçadores que colaboram para sua manutenção e propiciam desfechos mais positivos aos indivíduos em suas interações sociais ().

Diante disso, observou-se que as crianças possuem reservas nos fatores que compõem as habilidades sociais (responsabilidade, autocontrole, afetividade/cooperação e civilidade), o que sinaliza recurso de proteção ao desenvolvimento, concorrendo para a não ocorrência de problemas de comportamento mais graves. A literatura tem apontado que não basta possuir habilidades sociais; essas precisam ser usadas de forma adequada para se alcançar a competência social, sendo que os contextos que o indivíduo participa atuam como importante função por intermédio dos reforçadores que oferecem a essas habilidades (; ; Del Prette e Del Prette, , , ). Assim, os contextos precisam ser analisados para compreensão das variáveis.

Quanto às associações entre as variáveis estudadas, foram obtidas correlações significativas fracas e moderadas, apontando que quanto maiores os índices de burnout parental (total) e seus fatores (exaustão, contraste, saturação e distanciamento), maiores os escores em problemas de comportamento e menores no repertório total de habilidades sociais (ou o contrário, quanto menores os escores de burnout parental, menores os problemas de comportamento dos filhos e filhas e maior o repertório de habilidades sociais). Os achados vão ao encontro da literatura no sentido de que os contextos ecológicos ocasionam alterações nas experiências das crianças, podendo potencializar ou inibir o uso de habilidades ().

No presente estudo, não foram identificadas correlações significativas entre o monitoramento parental e repertório social e comportamental das crianças e com as dimensões do burnout parental, não corroborando com a literatura (; Marturano et al., 2004). Infere-se que a ausência de correlação significativa possa ter ocorrido em função de características do instrumento utilizado para avaliar o monitoramento parental e/ou a faixa etária das meninas e meninos.

Dentre as variáveis investigadas no presente estudo, observa-se que, apesar das reservas comportamentais relativas às habilidades sociais, há sinais de problemas de comportamento, indicando dificuldades quanto a obter a competência social e relação com a ocorrência de sintomas do burnout parental. Entende-se que a relação entre as variáveis das cuidadoras e das meninas e meninos é bidirecional, ou seja, é um ciclo que se retroalimenta de forma positiva ou negativa (). A relação entre ambos é dinâmica e, até o presente momento, nenhum estudo foi publicado com a investigação da possível relação do burnout parental com o repertório comportamental das filhas e dos filhos. Entende-se que a personalidade das mães e dos pais desempenha um papel importante para a ocorrência da síndrome, logo, a personalidade das crianças também parece desempenhar um papel de grande influência ().

A partir dos resultados encontrados, conclui-se que as cuidadoras participantes do presente estudo apontaram sinais de burnout parental com destaque nas vivências de exaustão. Contudo, não pontuaram de forma expressiva em outros fatores relativos ao burnout, sinalizando recursos preservados quanto a interação e cuidados aos filhos e filhas. De acordo com o que eles e elas contam, encontrou-se ainda bons níveis de monitoramento parental total, sinalizando que, apesar da exaustão e sinais de burnout, ainda conseguem manter conjuntamente com seus parceiros o acompanhamento/participação das atividades dos/as meninos/as. Quanto ao repertório comportamental das crianças, observou-se na maioria dos participantes recursos em habilidades sociais e médio ou baixo problemas de comportamento. Associações importantes entre as variáveis foram encontradas. Contudo, o monitoramento parental não se associou significativamente às variáveis sociais e comportamentais dos/as filhos/as.

Nesse cenário, acredita-se que intervenções que possibilitem às cuidadoras potencializar os recursos que já estão presentes (práticas parentais adequadas, boas vivências com as crianças, bom monitoramento parental, preservação do afeto e percepção positiva da maternidade), bem como orientações sobre os fatores de risco para a ocorrência do burnout parental e a busca de um equilíbrio entre os fatores de risco e de proteção poderiam contribuir para a redução dos níveis de exaustão das cuidadoras e reduzir os problemas de comportamento parecem estar contribuindo com a exaustão.

Apesar de ter respondido aos objetivos traçados, o estudo aponta algumas limitações que podem ser sanadas em pesquisas futuras. Primeiramente, pode-se destacar a pouca heterogeneidade da amostra (tendo participado somente mães e avós). Optou-se somente pelas cuidadoras em razão da baixa participação dos pais na pesquisa. Em segundo lugar, outra limitação do estudo é ser uma amostra de conveniência em virtude da dificuldade em randomizar a escolha dos participantes, por conta do isolamento social imposto pela pandemia da COVID-19. Em terceiro lugar, aponta-se a não investigação de variáveis relativas ao microssistema familiar (exercício de coparentalidade, existência de rede de apoio e personalidade dos pais) e características pessoais dos pais (funcionamento psíquico, temperamento, crenças, etc.), variáveis que não foram aprofundadas em razão da necessidade de se concentrar esforços sobre as variáveis dos filhos e das filhas.

Recomenda-se que estudos futuros ampliem as amostras de crianças em idade escolar, se debrucem na compreensão do burnoutparental em outras faixas etárias e considerem os pais. Delineamentos de estudos longitudinais e qualitativos também são necessários para uma profunda compreensão do impacto do burnout parental.

Referências

1 

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EMPRESAS DE PESQUISA - ABEP (2022). Critério de classificação econômica Brasil. ABEP. Disponível em: https://www.abep.org/criterio-brasil

2 

BANDEIRA, Marina; DEL PRETTE, Zilda; DEL PRETTE, Almir; & MAGALHÃES, Thiago (2009). Validação das escalas de habilidades sociais, comportamentos problemáticos e competência acadêmica (SSRS-BR) para o ensino fundamental. Psicologia: teoria e pesquisa, 25(2), 271-282. https://doi.org/10.1590/S0102-37722009000200016

3 

BOER, July; & ELIAS, Luciana (2022). Habilidades sociais, funções executivas e desempenho acadêmico: Revisão sistemática. Revista Psicopedagogia, 39(119), 270-284. http://doi.org/10.51207/2179-4057.20220024

4 

BOLSONI-SILVA, Alessandra; & DEL PRETTE, Almir (2003). Problemas de comportamento: um panorama da área. Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva, 5(2), 91-103. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-55452003000200002

5 

BOLSONI-SILVA, Alessandra; & LOUREIRO, Sonia Regina (2019). Práticas parentais: Conjugalidade, depressão materna, comportamento das crianças e variáveis demográficas. Psico-USF, 24(1), 69-83. https://doi.org/10.1590/1413-82712019240106

6 

BOLSONI-SILVA, Alessandra; LOUREIRO, Sonia Regina; & MARTURANO, Edna Maria (2016). Comportamentos internalizantes: associações com habilidades sociais, práticas educativas, recursos do ambiente familiar e depressão materna. Psico (Porto Alegre), 47(2), 111-120. http://doi.org/10.15448/1980-8623.2016.2.20806

7 

BRONFENBRENNER, Urie (1996). A ecologia do desenvolvimento humano: experimentos naturais e planejados. Artes Médicas.

8 

CASSONI, Cynthia; ELIAS, Luciana; MARTURANO, Edna; & FONTAINE, Anne Marie (2019). Análise das propriedades psicométricas do Questionário de Monitoramento Parental. Avaliação Psicológica, 18(3), 248-255. https://doi.org/10.15689/ap.2019.1803.16277.04

9 

CASSONI, Cynthia; PENNA-DE-CARVALHO, Aline; LEME, Vanessa; MARTURANO, Edna; & FONTAINE, Anne Marie (2021). Transição escolar nos anos finais do ensino fundamental: revisão integrativa da literatura. Psicologia Escolar e Educacional, 25, e225301. https://doi.org/10.1590/2175-35392021225301

10 

DEL PRETTE, Zilda Aparecida; FREITAS, Lucas; BANDEIRA, Marina; & DEL PRETTE, Almir (2016). Inventário de habilidades sociais, problemas de comportamento e competência acadêmica para crianças - SSRS: manual de aplicação, apuração e interpretação [Adaptação brasileira de Social Skills Rating System: Manual: Gresham, F. & Elliott, S. (1990)] Pearson Clinical Brasil.

11 

DEL PRETTE, Zilda Aparecida; & DEL PRETTE, Almir (2009). Psicologia das habilidades sociais: Diversidade teórica e suas implicações. Vozes.

12 

DEL PRETTE, Zilda Aparecida; & DEL PRETTE, Almir (2013). Psicologia das habilidades sociais na infância: teoria e prática. Vozes.

13 

DEL PRETTE, Zilda Aparecida; & DEL PRETTE, Almir (2017). Competência Social e Habilidades Sociais: manual teórico-prático. Vozes.

14 

ELIAS, Luciana; & MARTURANO, Edna Maria (2016). Família, dificuldades no aprendizado e problemas de comportamento em escolares. Educar em revista, (59), 123-139. https://doi.org/10.1590/0104-4060.44617

15 

GARCÍA, Victoria Eugenia; GÓMEZ, Viviana Lucía; GÓMEZ, Diana Shefania; MARÍN, Ivón Paola; & RODAS, Andrés Mauricio (2016). Madres, padres y profesores como educadores de la resiliencia en niños colombianos. Psicologia Escolar e Educacional, 20(3), 569-579. https://doi.org/10.1590/2175-3539201502031049

16 

GOMIDE, Paula (2003). Estilos Parentais e comportamento anti-social. In Almir Del Prette; & Zilda Del Prette (Eds.), Habilidades sociais, desenvolvimento e aprendizagem: questões conceituais, avaliação e intervenção (pp. 21-60). Alínea.

17 

GOMIDE, Paula (2006). Inventário de Estilos Parentais. Modelo teórico: Manual de aplicação, apuração e interpretação. Vozes.

18 

GRESHAM, Frank; & ELLIOTT, Stephen (1990). Social Skills Rating System: Manual. American Guidance Service.

19 

HAIR, Joseph; BLACK, William; BABIN, Barry; ANDERSON, Rolph; & TATHAM, Ronald (2009). Análise Multivariada de dados (6a ed.). Bookman.

20 

HILL, Nancy; & TAYLOR, Lorena (2004). Parental school involvement and children’s academic achievement. Current Directions in Psychological Science, 13(4), 161-164. https://doi.org/10.1111/j.0963-7214.2004.00298.x

21 

LEME, Vanessa; DEL PRETTE, Zilda Aparecida; KOLLER, Silvia Helena; & DEL PRETTE, Almir (2016). Habilidades sociais e o modelo bioecológico do desenvolvimento humano: análise e perspectiva. Psicologia & Sociedade, 28(1), 181-193. https://doi.org/10.1590/1807-03102015aop001

22 

MACHADO, Teresa Sousa; DIOGO, Carine; MIGUEL, José Pacheco; & SILVA, Tomás (2017). Vinculação e problemas de comportamento avaliados por crianças e pais. Revista de Estudios e Investigación em Psicología y Educación, (5), 79-83. https://doi.org/10.17979/reipe.2017.0.05.2350

23 

MAIA, Fátima de Almeida; SOARES, Adriana Benevides; & MONTEIRO, Márcia Cristina (2022). Estudo longitudinal sobre as relações entre práticas parentais, habilidades sociais, problemas de comportamento e desempenho académico. Revista de Estudios e Investigación em Psicología y Educación, 9(2), 285-300. https://doi.org/10.17979/reipe.2022.9.2.9297

24 

MARÔCO, João (2014). Análise Estatística com o SPSS Statistics (6a ed.). Report.

25 

MATIAS, Marisa; AGUIAR, Joyce; CÉSAR, Filipa; BRAZ, Ana Carolina; BARHAM, Elizabeth; LEME, Vanessa; ELIAS, Luciana; GASPAR, Filomena; MIKOLAKCZAK, Moira; ROSKAM, Isabelle; & FONTAINE, Anne Marie (2020). The Brazilian-Portuguese version of the Parental Burnout Assessment: Transcultural adaptation and initial validity evidence. Child & Adolescent Development, 174, 67-83. https://doi.org/10.1002/cad.20374

26 

MIKOLAJCZAK, Moïra; GROSS, James; & ROSKAM, Isabelle (2019). Parental burnout: What’s it and why does it matter? Clinical Psychological Science, 7(6), 1319-1329. https://doi.org/10.1177/2167702619858430

27 

MIKOLAJCZAK, Moïra; GROSS, James; STINGLHAMBER, Florence; NORBERG, Annika; & ROSKAM, Isabelle (2020). Is parental burnout distinct from job burnout and depressive symptoms? Clinical Psychological Science, 8(4), 673-689. https://doi.org/10.1177/2167702620917447

28 

MIKOLAJCZAK, Moïra; & ROSKAM, Isabelle (2018). A theoretical and clinical framework for parental burnout: The balance between risks and resources (BR²). Frontiers in Psychology, 9, 886. https://doi.org/10.3389/fpsyg.2018.00886

29 

NELSON, Katherine; KUSHLEV, Kostadin; & LYUBOMIRSKY, Sonja (2014). The pains and pleasures of parenting: When, why, and how is parenthood associated with more or less well-being? Psychological Bulletin, 140(3), 846-895. https://doi.org/10.1037/a0035444

30 

PIZATO, Elaine Cristina; MARTURANO, Edna Maria; & FONTAINE, Anne Marie (2014). Trajetórias de Habilidades Sociais e Problemas de Comportamento no Ensino Fundamental: Influência da Educação Infantil. Psicologia: Reflexão e Crítica, 27(1), 189-197. https://doi.org/10.1590/S0102-79722014000100021

31 

ROSKAM, Isabelle; BRIANDA, Maria-Elena; & Mikolajczak, Moïra (2018). A step forward in the conceptualization and measurement of parental burnout: The Parental Burnout Assessment (PBA). Frontiers in Psychology, 9, 1-12. https://doi.org/10.3389/fpsyg.2018.00758

32 

ROSKAM, Isabelle; RAES, Marie-Emilie; & Mikolajczak, Moïra (2017). Exhausted parents: Development and preliminary validation of the Parental Burnout Inventory. Frontiers in Psychology, 8, 163. https://doi.org/10.3389/fpsyg.2017.00163

33 

SANTOS, Luciana; & MARTURANO, Edna Maria (1999). Crianças com dificuldade de aprendizagem: Um estudo de seguimento. Psicologia: Reflexão e Crítica, 12(2), 377-394. https://doi.org/10.1590/S0102-79721999000200009

34 

VIGOUROUX, Sarah; & SCOLA, Céline (2018). Differences in parental burnout: influence of demographic factors and personality of parents and children. Frontiers in Psychology, 9, 887. https://doi.org/10.3389/fpsyg.2018.00887

##plugins.generic.pfl.publicationFactsTitle##

Metric
##plugins.generic.pfl.thisArticle##
##plugins.generic.pfl.otherArticles##
##plugins.generic.pfl.peerReviewers## 
##plugins.generic.pfl.numPeerReviewers##
##plugins.generic.pfl.averagePeerReviewers##

##plugins.generic.pfl.reviewerProfiles##  Indisp.

##plugins.generic.pfl.authorStatements##

##plugins.generic.pfl.authorStatements##
##plugins.generic.pfl.thisArticle##
##plugins.generic.pfl.otherArticles##
##plugins.generic.pfl.dataAvailability## 
##plugins.generic.pfl.dataAvailability.unsupported##
##plugins.generic.pfl.averagePercentYes##
##plugins.generic.pfl.funders## 
Indisp.
##plugins.generic.pfl.numHaveFunders##
##plugins.generic.pfl.competingInterests## 
Indisp.
##plugins.generic.pfl.averagePercentYes##
Metric
##plugins.generic.pfl.forThisJournal##
##plugins.generic.pfl.otherJournals##
##plugins.generic.pfl.articlesAccepted## 
##plugins.generic.pfl.numArticlesAccepted##
##plugins.generic.pfl.numArticlesAcceptedShort##
##plugins.generic.pfl.daysToPublication## 
##plugins.generic.pfl.numDaysToPublication##
145

##plugins.generic.pfl.indexedIn##

    ##plugins.generic.pfl.indexedList##
##plugins.generic.pfl.editorAndBoard##
##plugins.generic.pfl.profiles##
##plugins.generic.pfl.academicSociety## 
Indisp.
##plugins.generic.pfl.publisher## 
Universidade da Coruña, Servizo de Publicacións